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segunda-feira, 23 de maio de 2016

IGREJA E POLITICAGEM NÃO COMBINAM....

            No último dia 08/05, dia das mães, estava eu e meu pequeno na porta de entrada da Igreja Presbiteriana de Baturité, quando chega uma figura política da cidade trazendo umas flores artificiais com uma etiqueta de propaganda política pessoal desejando o dia das mães, ao passo que me pergunta quantas mães tem na igreja, daí eu digo, mas encaminho ela para a liderança da igreja que, recebe o brinde de forma discreta, retirando a etiqueta de propaganda política e entrega as mães, dizendo que foi uma doação de uma pessoa, mas que esta pessoa não seria identificada.
            Ao perceber o episódio e ciente de que este ano é um ano eleitoral, o Pastor faz um alerta à igreja, dizendo mais ou menos assim, “irmãos, este ano o município passará por um processo eleitoral, você pode votar em quem você quiser, mas antecipo, a igreja não está a serviço de político nenhum, não faremos campanha para ninguém dentro da igreja, não daremos espaço em nosso púlpito para nenhum político falar em nossa tribuna, caso algum venha ao culto, este será recebido como qualquer outro visitante. Nem mesmo se um membro da igreja se candidatar a algum cargo eletivo, este não fará campanha dentro dos espaços da igreja, pois a igreja não está a serviço de político nenhum, espero não precisar avisar isso de novo, ok irmãos?”.
            Após isso, no final do culto, foi distribuído o brinde doado sem nenhuma identificação da figura política, nem menção a quem fez a doação.
            Achei louvável e sensata a postura do líder da igreja, pois não entrou em conflito com a figura política, mas também não promoveu ninguém, além de alertar a igreja que não admite politicagem, nem interferência política no seio da igreja.

Em Baturité (CE), 22 de Maio de 2016

Joab Frankley da Silva Dantas
Sociólogo, Professor do Instituto Federal do Ceará (IFCE). Cristão, Membro da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) e Membro dos Gideões Internacionais no Brasil.

Toda generalização é perigosa! Falando sobre a comunidade evangélica....

Quando vejo pessoas criticando e dizendo que os evangélicos são isso ou aquilo, atribuindo adjetivos de forma pejorativa, costumo dizer que toda generalização é perigosa, a comunidade evangélica é tão diversificada, há tantos segmentos, que fazer este tipo de afirmação soa injusta.
Falando de forma rápida, as principais correntes no protestantismo ou entre os evangélicos como é mais conhecido popularmente, se dividem em: IGREJAS TRADICIONAIS HISTÓRICAS (Batistas, Luteranos, Presbiterianos, Metodistas e outras igrejas de confissão reformada) são as Igrejas mais antigas, contemporâneas da reforma protestante e que confessam publicamente os princípios da Reforma; IGREJAS PENTECOSTAIS (Assembleia de Deus, Brasil para Cristo, Congregação Cristã no Brasil, entre outras.) são igrejas tradicionais no Brasil, caracterizadas pelo rigor na conduta dos fiéis e pela crença na ação e manifestação do Espirito Santo na vida das pessoas, bem como, na contemporaneidade dos dons espirituais; IGREJAS NEOPENTECOSTAIS (Universal, Deus é amor, Graça de Deus, Mundial do Poder de Deus, etc.) são igrejas que nasceram no Brasil e que são caracterizadas pela crença nas teologias da libertação e da prosperidade, é um segmento criticado pela comunidade evangélica pelo fato de dar ênfase em finanças, cura e exorcismo e deixar um pouco de lado a pregação do evangelho de Cristo, estes não são bem aceitos na comunidade evangélica, algumas delas, nem são consideradas Igrejas por uma parte da comunidade; RELIGIÕES INDEPENDENTES que não se enquadram nas correntes mencionadas anteriormente (Adventistas, Testemunhas de Jeová, Mórmons, etc) estes tem uma perspectiva exclusivista da fé e não se consideram protestantes.
Como você pode perceber, a diversidade é grande, sendo assim, é até preconceituoso se generalizar ao falar dos evangélicos de forma pejorativa.
A reforma protestante trouxe várias contribuições a sociedade como um todo, tais como: a noção e luta por um Estado Laico, como aquele Estado que não está a serviço de uma religião em especifico, mas que assegura a liberdade de culto as várias formas de manifestação religiosa; o culto na sua língua mãe, pois antes da Reforma as missas eram realizadas de costas para a igreja e ministradas em latim, poucos entendiam o que era ministrado nas cerimônias; Bíblia traduzida para a língua mãe, a semelhança do culto a bíblia era de acesso exclusivo dos clérigos e não disponível em língua materna, sendo que, com a Reforma, passou a ser traduzida para as línguas maternas dos países onde tinham presença de culto Cristão e acessível à todos que quisessem; liberdade de imprensa e de expressão; contribuição nas formas de governo político, por exemplo, o modelo parlamentarista inglês é uma herança do modelo de governo presbiteriano; referência em educação, como exemplo no Brasil, entre os vários sistema de ensino que poderíamos citar, faço menção ao sistema de ensino Mackenzie que é considerado um dos melhores, especialmente em educação superior privada; entre outras contribuições.
É claro que, toda violência, corrupção, preconceito deve ser repudiado e criticado à quem cometeu o erro e nunca generalizando uma comunidade que não tem culpa pela imbecilidade de alguns que se dizem ser como tal. Sou evangélico e não concordo, nem compactuo com certas atitudes de pessoas ou lideranças que se dizem evangélicas, embora reconheça que algumas ações ou falas revelem intolerância religiosa por parte de alguns.
Infelizmente, existem alguns líderes religiosos fazendo mau uso ou uso indevido do nome da religião, a esses faço menção há um pensamento atribuído ao notável escritor C. S. Lewis “De todos os homens maus, os homens maus religiosos são os piores”, pois dos líderes se esperam o exemplo e o ensinamento e não a vergonha!
Os erros de alguns, não justificam a generalização quanto há comunidade evangélica que é tão diversa, como o é a sociedade brasileira.
Eu e você, temos o direito de discordar de certas ideologias, credos, bem como de ações e atitudes que não achamos corretas, mas isso não nos dá o direito de taxarmos pejorativamente nenhuma comunidade ou segmento social. Discordar e desrespeitar são coisas diferentes...
O respeito à diversidade e liberdade religiosa deve sempre ser preservado! Pense nisso....

Em Baturité (CE), 14 de Maio de 2016.


Joab Frankley da Silva Dantas
Sociólogo, Professor do Instituto Federal do Ceará (IFCE). Cristão, Membro da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) e Membro dos Gideões Internacionais no Brasil.